O que aprendi ... comigo, com os outros, com e para o mundo

Ao olhar para trás e percorrer mentalmente este caminho de três anos, percebo que a minha aprendizagem em Serviço Social foi tudo menos linear. Foi feita de avanços e recuos, de certezas desfeitas e outras reconstruídas, de perguntas que não têm resposta fácil. E, acima de tudo, foi feita com corpo inteiro com cabeça, com coração, com presença.
Se tivesse de escolher o que foi mais importante neste percurso, diria: o processo de me tornar mais humana. Isto não se aprende num só manual, nem se avalia apenas por notas. Aprende-se na escuta das histórias dos outros, no confronto com a dor, na inquietação ética, no desconforto perante o que é injusto ou invisível. Aprende-se, sobretudo, quando nos deixamos transformar pelo que ouvimos, pelo que vivemos e pelo que partilhamos.
O que facilitou esta aprendizagem foi o espaço para a reflexão, a qualidade das relações criadas na turma e a oportunidade de cruzar o saber académico com o saber da experiência. O que dificultou, por vezes, foi a sobrecarga, a exigência de estar bem em tudo, o perfeccionismo, e o peso emocional de algumas vivências. Mas até isso foi parte da aprendizagem.
Os recursos mais úteis foram aqueles que me fizeram pensar não só os textos e autores de referência mas também os debates em aula, os testemunhos partilhados, os vídeos, os silêncios incómodos que obrigavam a escavar mais fundo. E claro, este portfólio - um convite a parar, a olhar, a nomear. A dar forma ao que, tantas vezes, fica apenas sentido.
Percebo hoje que tudo o que aprendi pode e deve ser aplicado noutros contextos. A escuta ativa não serve apenas no hospital ou no atendimento; serve numa conversa com um amigo. O pensamento crítico não se aplica só à política social, mas também às escolhas do quotidiano. A ética não é uma disciplina: é uma lente. E o compromisso com a dignidade humana é algo que me acompanhará em qualquer lugar seja num lar, numa prisão, num projeto internacional ou numa conversa informal na rua.
As experiências vividas neste curso têm o potencial de transformar práticas, mas só o farão se forem acompanhadas de uma reflexão contínua. E isto é talvez o que mais me fica: não parar de pensar, não parar de questionar, não parar de crescer. Não deixar que a prática se torne rotina cega. Ter sempre a coragem de perguntar: "É isto ? Está correto? É isto que me representa enquanto profissional com valores?"
Este portfólio, mais do que uma compilação, é um verdadeiro espelho. Da estudante que fui, da profissional que quero ser, e da mulher em construção que aqui se assume com vulnerabilidade, mas também com determinação.
Termino com uma certeza: a aprendizagem mais valiosa não foi sobre o que fazer, mas sobre quem quero ser.